sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Escravos e Senhores de Escravos - Décio Freitas



Escravos e Senhores de Escravos - Décio Freitas

Os pequenos estudos que compõem este livro foram escritos em Montevidéu no curso do ano de 1965, para servirem como textos de apoio num curso sobre a escravatura, ministrado pelo autor nos meses de janeiro, fevereiro e março de 1966 a um grupo de exilados brasileiros.

Não se censure o estilo veemente em que foram escritos. Pode-se afinal contemplar com serenidade o processo histórico da escravidão no Brasil? Não há decerto mal nisso: o importante é que haja uma base histórica, e disso o autor está seguro, salvo melhor juízo. O estilo universitário, apenas por si, tampouco oferece garantias de historicidade, como infelizmente pensam muitos.
A premissa metodológica, em que se baseiam estes ensaios, é a da importância crucial da escravatura na formação histórica do Brasil; nunca será demasiado insistir sobre esta importância.

Nada menos de quatro quintas partes da história brasileira se desenvolveram sob o signo da escravatura como forma de propriedade e produção. Em nenhum outro país do Novo Mundo teve a instituição vida tão longa. Implantada logo no início da colonização, apenas foi suprimida formalmente nos fins do século XIX. Nos tempos modernos, o Brasil se singularizou como o último país do mundo a aboli-la. Em quase todo o Novo Mundo, a independência nacional mais ou menos se fez acompanhar da abolição. As exceções foram o Brasil e os Estados Unidos, porém houve uma diferença importante.

Nos Estados Unidos a escravidão apenas perdurou em algumas regiões e, no momento da Independência, os escravos não chegavam a perfazer 10% da população. No Brasil, enquanto isso, depois da Independência a escravidão continuou abrangendo a totalidade do território e cerca de metade da sua população ainda se compôs de escravos. Portanto, dado que os escravos estavam excluídos da nacionalidade, o Brasil independente se caracterizou como uma nação inconclusa.

Download do livro:
http://www.4shared.com/file/165307924/76004570/escravos_senhores_de_escravos_.html

Que é História - Edward Hallet Carr



Que é História - Edward Hallet Carr

Prefácio à Segunda Edição

Em 1960, quando completei o primeiro rascunho de minhas seis conferências, Que é história?, o mundo ocidental ainda estava abalado pelos choques de duas guerras mundiais e duas grandes revoluções, a russa e a chinesa. A era vitoriana de ingênua autocon¬fiança e crença automática no progresso ficara decididamente para trás. O mundo era um lugar conturbado e até mesmo ameaçador. Contudo, começaram a se multiplicar os indícios de que estávamos começando a sair de alguns de nossos problemas. A crise econômica mundial, amplamente prognosticada como uma seqüela da guerra, não aconteceu. Nós calmamente dissolvemos o Império Britânico, quase sem perceber. A crise da Hungria e do Suez fora superada, ou esquecida. A desestalinização da União Soviética e a desmacarthização nos Estados Unidos progrediam de forma salutar. A Alemanha e o Japão se recuperaram rapidamente da ruína total de 1945 e reali¬zavam espetaculares avanços econômicos. A França, sob De Gaulle, renovava suas forças. Nos Estados Unidos, terminava a praga Eisenhower; a era de esperança Kennedy estava prestes a se iniciar. Áreas hostis - África do Sul, Irlanda, Vietnã - ainda podiam ser mantidas sob controle. Os intercâmbios comerciais se expandiam por todo o mundo.
Estas condições deram, de qualquer forma, uma justificativa superficial para a expressão de otimismo e crença no futuro com que terminei minhas conferências em 1961. Os vinte anos seguintes frus¬traram estas esperanças e este contentamento. A guerra fria recome¬çou com intensidade redobrada, trazendo consigo a ameaça da destruição nuclear. A adiada crise econômica começou impetuosamen¬te, devastando os países industrializados e espalhando o câncer do desemprego através da sociedade ocidental. Hoje, raro é o país que está livre da hostilidade da violência e do terrorismo. A revolta dos países produtores de petróleo do Oriente Médio provocou uma im¬portante mudança de poder, em prejuízo das nações industrializadas do Ocidente. O “Terceiro Mundo” transformou-se de um elemento passivo em um fator concreto e perturbador nos assuntos mundiais. Nestas condições, qualquer expressão de otimismo pode parecer absurda. Os profetas da desgraça têm tudo a seu favor. O quadro da destruição iminente, laboriosamente desenhado por escritores e jor¬nalistas sensacionalistas e transmitido através dos meios de comunicação de massa, penetrou no vocabulário do discurso cotidiano. Nunca a antiga previsão popular do fim do mundo pareceu tão apropriada.


Download do livro: http://www.4shared.com/file/165297321/cdb185fd/Edward_Hallet_Carr_-_Que__Hist.html

I Congresso Internacional e III Seminário Nacional De Desenvolvimento Regional

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