quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Estado do Mundo 2005 - Worldwatch Institute



Estado do Mundo 2005 - Worldwatch Institute

Prefácio de Mikhail Gorbachev e Apresentação de Carlos Lopes, embaixador da ONU no Brasil

"Somos hóspedes, e não senhorios da natureza e temos que desenvolver um novo paradigma para o desenvolvimento"

Cinco anos atrás, todos os 191 países membros das Nações Unidas se comprometeram a cumprir, até 2015, oito Metas de Desenvolvimento do Milênio, incluindo a erradicar a fome e pobreza extremas e garantir a sustentabilidade ambiental. Estes compromissos cruciais foram reafirmados por autoridades de saúde em todo o mundo em outubro de 2004, por ocasião do 10 o aniversário da destacada Conferência sobre População e Desenvolvimento, realizada no Cairo.

A conclusão abrangente dessa reunião em 2004 foi que apesar do avanço considerável, se bem que errático, em muitas áreas, qualquer otimismo deve levar em conta a percepção que ganhos em desenvolvimento socioeconômico, segurança e sustentabilidade globais não refletem a realidade de muitas partes do mundo. A pobreza continua a minar o avanço em muitas áreas. Doenças como HIV/AIDS estão aumentando, criando bombas-relógio na saúde pública em inúmeros países. Nos últimos cinco anos, cerca de 20 milhões de crianças morreram de doenças veiculadas pela água que poderiam ter sido evitadas, enquanto centenas de milhões de pessoas continuam a conviver diariamente com a aflição e a sujeira associadas à falta de água potável e saneamento básico.

Precisamos reconhecer essas vergonhosas disparidades globais e começar a lidar com elas com seriedade. Fiquei feliz com a entrega do Prêmio Nobel da Paz a Wangari Maathai, uma mulher cujos esforços pessoais, liderança e trabalho comunitário no Quênia e na África são fonte de inspiração para todos nós, demonstrando os avanços reais que podem ser obtidos no enfrentamento dos desafios à segurança ambiental e desenvolvimento sustentável, quando as pessoas têm a coragem de fazer a diferença.

A humanidade tem uma oportunidade singular de transformar o Século XXI em um século de paz e segurança. Todavia, as muitas possibilidades criadas pelo fim da guerra fria parecem já terem sido, em parte, desperdiçadas. Para onde foi o “dividendo da paz” que tanto nos esforçamos para obter? Por que conflitos regionais e terrorismo se tornaram tão presentes no mundo atual? E por que não obtivemos maiores avanços nas Metas de Desenvolvimento do Milênio?

As terríveis tragédias de 11 de setembro de 2001, os ataques terroristas em 2004 em Beslan, na Rússia, e os tantos outros incidentes terroristas ao longo da última década no Japão, Indonésia, Oriente Médio, Europa e outros países ressaltam, todos, o fato que não estamos adequadamente preparados para lidar com novas ameaças. Melhor preparo, porém, significa pensar mais holisticamente, e não apenas em termos tradicionais de guerra fria.

Acredito que o mundo hoje enfrenta três desafios inter-relacionados: o desafio da segurança, incluindo os riscos associados às armas de destruição em massa e terrorismo; o desafio da pobreza e do subdesenvolvimento; e o desafio da sustentabilidade ambiental.

O desafio da segurança deve ser enfrentado primeiramente através do controle e destruição dos arsenais mundiais de armas de destruição em massa. Tanto a Rússia quanto os Estados Unidos adotaram inúmeras medidas positivas nesta direção. Precisamos, porém, acelerar esses esforços de desmilitarização e não-proliferação e estabelecer programas mundiais de redução das ameaças, para que possamos garantir um sucesso efetivo.

Os países industrializados também deverão destinar mais recursos para os países e as regiões mais pobres do mundo. A ajuda desenvolvimentista oficial dos principais países industrializados ainda representa uma minúscula fração dos seus PIBs, e não chega nem perto dos compromissos assumidos há uma década na Cúpula da Terra, no Rio de Janeiro. Não podemos permitir que continue em nosso planeta essa crescente disparidade entre ricos e pobres e a ultrajante má alocação de recursos já escassos para o consumismo e guerra. Caso contrário, deveremos esperar até maiores desafios à frente.

Com relação ao meio ambiente, precisamos reconhecer que os recursos da Terra são finitos. Desperdiçar esses escassos recursos significa perdê-los no futuro próximo, com conseqüências potencialmente funestas para todas as regiões e para o mundo. As florestas, por exemplo, estão sendo gradativamente destruídas nos países mais pobres. Até mesmo no Quênia, onde Wangari Maathai ajudou a plantar mais de 30 milhões de árvores, a área florestada diminuiu. A crise hídrica global é também uma das maiores ameaças à humanidade. Quatro em cada 10 pessoas no mundo vivem em bacias hidrográficas compartilhadas por dois ou mais países, e a falta de cooperação entre os parceiros desses preciosos recursos está reduzindo padrões de vida, causando problemas ambientais devastadores e até mesmo contribuindo para a eclosão de conflitos violentos. E o mais importante de tudo, precisamos acordar para os perigos da mudança climática e dedicar mais recursos para a busca crucial por alternativas energéticas.

Foi por razões como essas que, 12 anos atrás, fundei a Green Cross International [Cruz Verde Internacional] e continuo a defender uma mudança global de valores no manejo da Terra, um novo sentido de interdependência global e uma co-responsabilidade na relação humana com a natureza. Foi também por essas razões que ajudei a elaborar a Carta da Terra, um código de princípios éticos hoje endossados por mais de 8.000 organizações. representando mais de 100 milhões de pessoas em todo o mundo. E é por essas razões que Maurice Strong, Presidente do Conselho da Terra e eu, demos início aos Diálogos da Terra, uma série de fóruns públicos sobre ética e desenvolvimento sustentável.

Precisamos hoje de uma Glasnost Global – abertura, transparência e diálogo público – por parte de nações, governos e cidadãos, a fim de criar um consenso em torno desses desafios. E precisamos de uma política de “engajamento preventivo”: solidariedade e ação internacional e individual para enfrentar os desafios da pobreza, doença, degradação ambiental e conflito de maneira sustentável e não violenta.

Somos hóspedes, e não senhorios, da natureza e temos que desenvolver um novo paradigma para o desenvolvimento e resolução de conflitos, com base nos custos e benefícios para todos os povos comprometidos com os limites da própria natureza e não com os limites da tecnologia e do consumismo. Estou extremamente feliz em constatar que o Worldwatch Institute continua a enfocar esses importantes desafios e metas em seu relatório anual Estado do Mundo . Recomendo a todos os leitores que considerem seu engajamento pessoal à ação após a leitura deste livro. Só com a participação ativa e dedicada da sociedade civil poderemos ter sucesso na construção de um mundo sustentável, justo e pacífico para os séculos futuros.

Mikhail Gorbachev
Presidente Green Cross International

Download do livro (zipado): http://www.wwiuma.org.br/edm2005/edm2005.zip

Eco-Economia - Lester Brown



Eco-Economia - Lester Brown

Ao se iniciar um novo século, a distância que separa economistas de ecólogos em sua percepção do mundo não poderia ser maior. Economistas olham o crescimento sem precedentes da economia global e do comércio e investimento internacionais e vêem um futuro promissor em expansão contínua. Observam com orgulho justificável que, desde 1950, a economia global cresceu sete vezes, aumentando a produção de bens e serviços de US$ 6 trilhões para US$ 43 trilhões, em 2000, incrementando os padrões de vida em níveis antes impensáveis. Os ecólogos olham para esse mesmo crescimento e percebem que é produto da queima de gigantescas quantidades de combustíveis fósseis, artificialmente baratos, num processo que está desestabilizando o clima. Olham à frente e vêem ondas mais intensas de calor, tempestades mais destrutivas, degelo da calota polar e um nível do mar em elevação, o que reduzirá a área de terra enquanto as populações continuam a crescer. Enquanto economistas vêem prósperos indicadores econômicos, ecólogos vêem uma economia que está alterando o clima, com conseqüências totalmente imprevisíveis.

À medida que o novo século avança, os economistas olham para os mercados de grãos e vêem os preços atingindo os níveis mais baixos em duas décadas _ um sinal seguro de que a capacidade de produção está ultrapassando a demanda efetiva e que, tão cedo, controles de oferta provavelmente não serão necessários. Enquanto isso, ecólogos vêem lençóis freáticos caindo nos principais países produtores de alimentos e sabem que 480 milhões das 6,1 bilhões de pessoas no mundo estão sendo alimentadas com grãos produzidos pela extração predatória dos aqüíferos. Estão preocupados com os efeitos da exaustão previsível dos aqüíferos sobre a produção de alimentos.3

Economistas dependem do mercado para orientar tomadas de decisão. Respeitam o mercado porque este pode alocar recursos com uma eficiência que um planejamento centralizado jamais poderia igualar (como os soviéticos aprenderam a um custo tremendo). Ecólogos vêem o mercado com menos reverência porque vêem um mercado que não fala a verdade. Por exemplo, ao comprar um litro de gasolina, o usuário efetivamente paga pela extração do petróleo, refino e entrega ao posto. Não paga, porém, pelo tratamento de doenças respiratórias causadas pela poluição atmosférica, nem pelos custos da perturbação climática.

Download do livro (zipado):
http://www.worldwatch.org.br/eco_economia_pdf/eco_economia_pdf.zip

I Congresso Internacional e III Seminário Nacional De Desenvolvimento Regional

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