quarta-feira, 2 de setembro de 2009

A Sociedade dos Indivíduos - Norbert Elias



A Sociedade dos Indivíduos - Norbert Elias

O tema inicial é acerca do conceito de sociedade: uma vez que o mesmo apresenta definições nem sempre muito claras.

Há o questionamento da palavra “sociedade”, que todos utilizam e que ninguém discute os significado. É quase como um axioma aceito.

As mudanças nas formas de vida em sociedade independem do planejamento individual, bem como também ele existe só porque existe um grande número de pessoas e que ele só funciona porque muitas pessoas – individualmente – querem e fazem certas coisas.

Pelas respostas dadas, temos dois caminhos:

· Um grupo concebe as formações sócio-históricas como estruturas pré-concebidas, planejadas e criadas, semelhante aos projetos que fazem para a construção de um grande edifício. Com isso, a evolução dos estilos artísticos ou o próprio processo civilizador são questões sem resposta.

· O campo oposto afirma que o indivíduo não desempenha nenhum papel na sociedade. Ela é uma unidade orgânica, acima do individual, com uma vida própria. As formas culturais e as instituições econômicas possuem um papel fundamental.

Esta dualidade aparece também nas explicações das funções psicológicas sociais – há um lado que afirma ser possível isolar o indivíduo das suas relações com as demais pessoas, por outro lado, há os que afirmam que não existe lugar apropriado às funções psicológicas do indivíduo singular.

Também nos deparamos com as mesmas dúvidas. Temos uma certa idéia de que somos indivíduos e de que é a sociedade, porém, se tentarmos, em nosso pensamento, reconstruir aquilo que vivenciamos na realidade, perceberemos que nosso fluxo de pensamento é entrecortado e falho. Isto é ocasionado pelo fato de não possuirmos modelos conceituais e tampouco uma visão global mediante os quais possamos entender como é possível que indivíduos isolados possam, sem sequer ter planejado ou pretendido, formar e transformar a sociedade.

A questão capital que permeia nossa sociedade é fato de como tornar possível criar uma ordem social que possibilite a harmonização ente o desenvolvimento pessoal do indivíduo e, por outro lado, pelas exigências feitas pelo trabalho coletivo de muitos no tocante à manutenção do social como um todo. Por mais que tentemos separar o indivíduo da sociedade, percebemos que o desenvolvimento de um está intimamente ligado ao do outro. A dissociação é impossível. Porém, o que percebemos é o fato de que os projetos que nos são ofertados como solução para pôr termo a essa questão infelizmente sacrificam uma coisa à custa de outra.

Com isto, percebemos que qualquer idéia relacionada com o tema é tida como uma tomada de posição para um dos lados, isto é, ou se fala que o indivíduo é mais importante que a sociedade, ou que a sociedade é mais importante que o indivíduo. Os conflitos, portanto, são inevitáveis.

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